Era quando se ajoelhava que declarava guerra
a que a desafiava a vir com tudo
De joelhos, de costas, de rabo empinado
procurando o contacto profundo com o outro
tornava-se imbatível, demasiado poderosa
Os gritos de guerra não assustavam
eram canto de sereia, atraíam
A posição enganadoramente submissa
levava-o a invadir-lhe o território
penetrava com todas as suas forças
com todas as suas tropas
numa declaração de poderio que julgava ser suficiente
para a deixar rendida, subjugada ao mortal prazer
com que a atacava
Era um engano
Ela deixou-se invadir, gritou por mais,
disse-lhe para não ter compaixão
para executar as mais maquiavélicas manobras
no seu território aparentemente indefeso
Gritou-lhe para que a deixasse arrasada
sem forças para reagir
A força com a conquistava era avassaladora,
uma máquina bem oleada que não fazia pausas
não precisava de recuperar formas
incessantemente a abrir as carateras que o seu corpo possuía
E num último momento, quanto a imaginava pronta a render-se
desferiu o último dos ataques, num jacto prolongado
que se infiltrava naquele interior
ao mesmo tempo que um uivo de vitória lhe saía das entranhas.
Sentiu-se vencedor
Havia dominado, quebrado aquele exército
de uma só mulher
Agora sim pausava para o merecido respirar
para que o suor secasse
Agora sim, já se limpam armas
Engano seu
No meio dos festejos
ouve-se a frase
"Pronto para a segunda batalha?
Sobraram-te munições?
Ou perderás a guerra por falta delas?"