terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Ferozes


É um engano
A suavidade que nos invade a pele
Os gestos feitos com delicadeza
As palavras surdas que se soltam
É acalmia que assusta
Antes que a tempestade se instale
E o furacão se aproxime
É a suavidade, os gestos e as palavras
Que o invocam
E no momento em que as peles se tocam
A suavidade desaparece
Os gestos ganham vida
As palavras são gemidos
Nasce a ferocidade que devora
A brutalidade que invade
Os ímpetos incontroláveis que aceleram
Sem piedade
Sem remorsos
Sem tempo para romance
Saciam-se desejos
Soltam-se demónios
Superam-se limites
Dominam-mos
Somos dominados
Fazemos do outro objecto
Tornamo-lo nossa presa
Mostramos-lhe poderio
E dançamos até cairmos
E regressam as palavras 
Vão-se os gemidos
A suavidade volta a instalar-se
E os gestos a amenizar
O furação passa
A calma sente-se
Os músculos descansam
Os corpos caem

4 comentários:

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